terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nove Zero Nove: Nova alvorada de roquenroll.

Fala aí, galera! Tudo sussa na montanha russa? De boa na lagoa?

Depois dessas férias forçadas, eu voltei para a alegria de vocês. Na semana passada rolou uma resenha e hoje para o bem da nação, digo ao povo que tem entrevista nova com banda de nome estranho!

Talvez essa seja a banda de nome menos estranho, mas uma das melhores que habitam meus fones de ouvido. O quinteto carioca batizado de Nove Zero Nove é formado por Mauricio Kyann (vocais), Marcius Machado (guitarras), Paulo Pestana (guitarras), Eliza Schinner (baixo) e Felipe Fiorini (bateria) e  é a banda entrevistada de hoje!

Os conheço já tem um bom tempo, mas nossas agendas andaram não se batendo muito. No entanto, eu nunca me esqueci do primeiro show que acabei caindo de paraquedas e de toda a energia dissipada naquele dia. Poquíssimas bandas possuíam o que eu vi, a energia com o publico, a entrega no palco, como se aquele fosse o último momento da vida de cada um dos integrantes e eles se agarravam àquilo com tanta força e vontade, que era como se aos poucos aquela energia tomasse conta de todos no local e pá! Tudo explodia e culminava em um coro sincronizado entre banda e plateia, o que garantia um belo espetáculo. O tempo passou, a formação da banda mudou mas a vibe não. Muito pelo contrário, parece que se expandiu, assim como seu público, que além de ter aumentado, é fiel e tá sempre em todos os lugares em que a banda, dando seu apoio e cantando como se aquele também fosse o ultimo momento de suas vidas. De todas as músicas, Happy End é com certeza um hino do público da banda. Saquem só essa vibe:



Depois de tanto ouvir o EP que é homônimo a banda, ter tomado vergonha na cara e voltado a um show, decidi que já estava mais do que na hora de bater um papo com eles, que tem estado com agenda cheia e tocando em todos os lugares que podem, sem mimimi. O resultado do que rolou, você confere a seguir:

- Vocês são aqui do Rio, mais precisamente da Lapa, local conhecido como o berço do samba. Como foi possível surgir uma banda de rock por lá? Como vocês se conheceram?
R: A Lapa é berço da cultura popular e é um lugar sem fronteiras. A cidade do Rio de Janeiro em si já é mais voltada para o samba e pagode do que para o próprio rock então parte da vontade mesmo de se fazer um rocknroll. Grande parte dos integrantes já se conhecia das vivências do underground e foi tudo tomando forma, tudo em prol do projeto.
- Lembram-se como foi o primeiro show da banda?
R: Pode parecer mentira, mas a gente não lembra de fato qual foi o primeiro show da banda!
- Recentemente, vocês passaram por uma mudança na formação original e a banda parece estar bem entrosada. Vocês já se conheciam? Como rolou o convite para a Eliza e o Felipe entrarem pra banda?
R: Então o Felipe já tinha tocado anteriormente na Nove Zero Nove, e o convite para retornar de vez pra a banda foi natural. A Eliza conheceu a banda a partir de uma seletiva para um evento chamado Epifania, onde ela era jurada. Ela curtiu tanto a banda que virou nossa amiga e de lá pra cá, quando ocorreu a reformulação da banda, acabou sendo também muito natural a entrada nela da banda. Fizemos o convite e ela aceitou na hora.
- A Nove Zero Nove é uma das bandas do cenário underground que mais tem sua agenda cheia e além disso, um público fiel que está sempre nos shows e cantando junto. Qual é a sensação dessa experiência? Quando criaram a banda, imaginavam coisas assim?
R: Porra, quando a gente começou a tocar na banda foi tudo muito despretensioso no começo, porém fizemos um viagem logo no inicio da banda para Araruama e voltamos para o Rio já certos de que era aquilo que gostaríamos de fazer. A partir dai a evolução foi continua e sempre com muita vontade. A gente sempre acreditou e ainda acredita na cena do rock e trabalhou do melhor jeito possível para isso acontecer e o retorno do público só aumenta a vontade do trabalho ser bem feito e estamos sempre imaginando voos maiores, porque se não pensar assim fica estagnado.
- Vocês possuem um EP gravado que contém em suas faixas letras que vão desde a solidão, ao amor e à politica. Como é o processo de composição de vocês? Da onde surge a inspiração?
R:O processo de composição é bem variado, pois não é focado sempre numa pessoa só, e acreditamos que isso é o que torna as músicas únicas. Nós primamos muito pela letra e melodia das músicas, e a inspiração não é algo que se possa explicar da onde surge pois de fato é uma coisa que vem quando você menos espera, não tem hora nem lugar pra isso acontecer.
- E afinal, donde surgiu o nome da banda?
R: O nome da banda é originado do número do apartamento do nosso vocalista, o Mauricio. Quando a banda surgiu e antes mesmo disso, sempre foi lá o local onde a galera se encontrava pra compor, dar uma gastada, fazer aquela pré/pós show, basicamente era onde tudo acontecia. E acabou sendo o melhor jeito de resumir o que de fato é a Nove Zero Nove.
- Pra vocês, a internet é a principal aliada de uma banda independente?
R: Eu diria que é uma ferramenta muito importante sim para bandas independentes, porém está longe de ser a única. Uma banda não sobrevive só por internet e redes sociais. Isso ajuda e muito a divulgação do trabalho em escala maior, porém o contato diário com as pessoas, integrantes de outras bandas, produtores, publico. Acho que uma vez que você consolida um cenário na sua cidade, ai sim, a internet vem pra diminuir as fronteiras e ajudar na disseminação do conteúdo.
- Como vocês analisam o cenário de rock brasileiro?
R: Cara o cenário do rock brasileiro sempre foi difícil pela falta de oportunidades que são dadas. Achamos que existem épocas boas para determinados estilos de música no pais, porém o rock é sempre a resistência. Nós acreditamos que para qualquer estilo de música, e para o rock principalmente, o essencial é a falta de competição entre artistas. Tudo tem que ser integrado e deve ser entendido que existe espaço para todo mundo fazer o seu som.
- Como sabemos, existem muitos produtores de eventos independentes que de certa forma, acabam cobrando da banda para que esta toque. Vocês já passaram por isso? O que acham dessa situação?
R: Esse tipo de prática de cota infelizmente ainda é recorrente no cenário nacional. Existem diversas alegações de produtores para usar tais práticas, porém é um absurdo cobrar cotas de bandas tocarem. Acaba que a banda chama só os amigos que assistem o show e vão embora e não ficam pra assistir as outras e com isso não se cria um cenário. E quando é evento de bandas maiores e colocam outras bandas com cotas pra abrir, acaba dando no mesmo, pois o público de fato acaba só indo pra assistir a banda principal e a grande maioria nem assiste as bandas de abertura.

Acho que falta aos produtores que exercem essa prática, a vontade de se criar uma cena de fato forte. O que tem que existir é a integração entre produtor/banda/casa. Quando entendermos que juntos somos mais fortes, a cena vai fortalecer e pulsar!Em todas as profissões existe um 'caminho mais fácil' para se chegar e na música não é diferente. A banda batalha todo dia pra que sejamos reconhecidos pelo que fazemos e pensamos e isso acarreta alguns percalços financeiros obviamente, não precisamos de muito, o bastante pra pagar nossas contas e tomar uma cerveja com os camaradas já tá bom demais. Ninguém aqui quer mansão no Leblon ou em angra, a gente quer viver fazendo o que a gente gosta que é tocar o nosso som o mais verdadeiro possível.
- Acreditam que é possível ser de uma banda independente, sem que se tenha muita visibilidade na mídia (como tv e rádio) e viver cem por cento de música no Brasil atualmente?
R: Viver 100% de música dá pra viver sim, como de qualquer outra profissão. Mas é aquilo, como em qualquer profissão, depende do que você almeja como profissional, se é a fama ou a grana. Você pode viver de música fazendo algo para ganhar dinheiro ou batalhar pra ganhar grana com o que você gosta.
- Por falar nisso, a rádio cidade e a rádio rock de SP voltaram com total força e tem apoiado bastante bandas do cenário independente. Vocês acham que com a volta das "rádios rock", a facilidade para atingir os mais distintos públicos vai aumentar? Acham que nesse quesito, as rádios possuem mais força do que a internet?
R: Acho que a rádio vem como um veículo a mais para complementar os outros. O fato de voltar a ter uma rádio de rock no Rio de Janeiro é sim uma conquista para quem trabalha com isso e abre maiores possibilidades de mercado, volta a conquistar o jovem para que se interesse por rock e não fique banalizado só com musica estrangeira, funk, pagode e sertanejo. Tem espaço pra todo mundo, todos os estilos tem o seu valor e não é diferente com o rock. Então nada mais natural que existir uma rádio de rock para alavancar o estilo na cidade do Rio de Janeiro.
- Atualmente, anda rolando uma certa união das bandas do cenário independente carioca e isso tem facilitado a criação de eventos com elas. Ainda assim, o público que frequenta é pequeno. Vocês acham que é por esse público não ser tão grande, que as bandas de rock cariocas não possuem tanto espaço assim na cidade?
R: Não vejo que seja por falta de espaço não. Cada dia mais, principalmente por causa dessa união, as casas e produtores estão entendendo que o que vem acontecendo é benéfico para todas as partes envolvidas e a coisa flui naturalmente. O público é reflexo do que a cena proporciona, se está fluindo tudo bem, o público acaba colando de forma natural pois vai se sentir tranquilo, num lugar pra espairecer, curtir um rock e se divertir.
- Existe alguma gafe que já cometeram em palco e até hoje não esqueceram?
R: Aconteceram algumas gafes bem engraçadas, por exemplo, quando tocamos em Patrocínio-MG tiveram duas no mesmo show. O Maurício tinha um discurso onde ele falava que a nossa revolução vai ser televisionada. Porém na empolgação ele falou "A nossa revolução vai ser revolucionária". Ai vagabundo começou a rir, logo depois não satisfeito, o amigo levantou as mãos e gritou: "Esse público de hoje tá mostrando que Minas não é só mais um pão de queijo" !!! Essa última fez a galera vibrar e acabou que passou batido mas foi bem engraçado.
- Qual o lugar que vocês mais possuem vontade de tocar? Aquele lugar que quando rolar, vocês irão considerar o ápice da vida de vocês?
R: Então, existem uns lugares mais underground que temos vontade de tocar como o Hangar 110. Porém acho que de fato, por sermos do Rio de Janeiro, seria para nós um momento inesquecivel tocarmos como banda principal no Circo Voador. Lá a banda toda já teve momentos inesqueciveis em shows e realmente seria uma grande conquista para nós!
- Quais são os futuros planos da banda? Pra encerrar, mandem um recado pra galera que ainda não conhece o som de vocês.
R: Estamos a ponto de lançar um novo webclipe da música Cositas Mas, que gravamos na Toca do Bandido pelo Converse Rubber Tracks e também estamos com o projeto de ainda esse ano gravar dois singles de músicas novas e lançar o nosso primeiro clipe de fato, o clipe vai ser da música Cova Rasa.
E o que podemos deixar de recado é pra galera rockeira respeitar o estilo de cada um, seja entre outros estilos musicais ou até mesmo dentro do próprio rock. Vamos unir forças que todos temos a ganhar. 
Acessem o nosso site pois lá vocês vão encontrar nosso EP, as fotos, infos da banda, agenda e poderá ver os vídeos e conhecer um pouco sobre a Nove Zero Nove!
E parafraseando os irmãos da Clashing Clouds: "E se fosse assim tão fácil, não seria tão divertido" !!
E foi isso, gente bonita! A galera já mandou o recado. Se vocês curtiram e querem ficar por dentro do que rola com a Nove Zero Nove, pode ir até o site deles, clicando aqui. Além disso, eles estão no soundcloud, TnB, Facebook e Twitter. Desculpas não há pra não acompanhar a banda.

Fico por aqui. Valeu, Nove Zero Nove! E vocês que leram e que tem alguma banda que acham que é boa e que também acham que eu não conheço, me mandem! É sempre bom ficarmos antenados, não é mesmo?

Até mais, minha gente!
Sarah Azevedo.