Fala aí, galera! Tudo sussa na montanha russa? De boa na lagoa?
Depois dessas férias forçadas, eu voltei para a alegria de vocês. Na semana passada rolou uma resenha e hoje para o bem da nação, digo ao povo que tem entrevista nova com banda de nome estranho!
Talvez essa seja a banda de nome menos estranho, mas uma das melhores que habitam meus fones de ouvido. O quinteto carioca batizado de Nove Zero Nove é formado por Mauricio Kyann (vocais), Marcius Machado (guitarras), Paulo Pestana (guitarras), Eliza Schinner (baixo) e Felipe Fiorini (bateria) e é a banda entrevistada de hoje!
Os conheço já tem um bom tempo, mas nossas agendas andaram não se batendo muito. No entanto, eu nunca me esqueci do primeiro show que acabei caindo de paraquedas e de toda a energia dissipada naquele dia. Poquíssimas bandas possuíam o que eu vi, a energia com o publico, a entrega no palco, como se aquele fosse o último momento da vida de cada um dos integrantes e eles se agarravam àquilo com tanta força e vontade, que era como se aos poucos aquela energia tomasse conta de todos no local e pá! Tudo explodia e culminava em um coro sincronizado entre banda e plateia, o que garantia um belo espetáculo. O tempo passou, a formação da banda mudou mas a vibe não. Muito pelo contrário, parece que se expandiu, assim como seu público, que além de ter aumentado, é fiel e tá sempre em todos os lugares em que a banda, dando seu apoio e cantando como se aquele também fosse o ultimo momento de suas vidas. De todas as músicas, Happy End é com certeza um hino do público da banda. Saquem só essa vibe:
Depois de tanto ouvir o EP que é homônimo a banda, ter tomado vergonha na cara e voltado a um show, decidi que já estava mais do que na hora de bater um papo com eles, que tem estado com agenda cheia e tocando em todos os lugares que podem, sem mimimi. O resultado do que rolou, você confere a seguir:
- Vocês são aqui do Rio, mais
precisamente da Lapa, local conhecido como o berço do samba. Como foi possível
surgir uma banda de rock por lá? Como vocês se conheceram?
R: A Lapa é berço da cultura popular e é
um lugar sem fronteiras. A cidade do Rio de Janeiro em si já é mais voltada
para o samba e pagode do que para o próprio rock então parte da vontade mesmo
de se fazer um rocknroll. Grande parte dos integrantes já se conhecia das
vivências do underground e foi tudo tomando forma, tudo em prol do projeto.
- Lembram-se como foi o primeiro show
da banda?
R: Pode parecer mentira, mas a gente não
lembra de fato qual foi o primeiro show da banda!
- Recentemente, vocês passaram por
uma mudança na formação original e a banda parece estar bem entrosada. Vocês já
se conheciam? Como rolou o convite para a Eliza e o Felipe entrarem pra banda?
R: Então o Felipe já tinha tocado
anteriormente na Nove Zero Nove, e o convite para retornar de vez pra a banda
foi natural. A Eliza conheceu a banda a partir de uma seletiva para um evento
chamado Epifania, onde ela era jurada. Ela curtiu tanto a banda que virou nossa
amiga e de lá pra cá, quando ocorreu a reformulação da banda, acabou sendo
também muito natural a entrada nela da banda. Fizemos o convite e ela aceitou
na hora.
- A Nove Zero Nove é uma das bandas
do cenário underground que mais tem sua agenda cheia e além disso, um público
fiel que está sempre nos shows e cantando junto. Qual é a sensação dessa
experiência? Quando criaram a banda, imaginavam coisas assim?
R: Porra, quando a gente começou a tocar
na banda foi tudo muito despretensioso no começo, porém fizemos um viagem logo
no inicio da banda para Araruama e voltamos para o Rio já certos de que era
aquilo que gostaríamos de fazer. A partir dai a evolução foi continua e sempre
com muita vontade. A gente sempre acreditou e ainda acredita na cena do rock e
trabalhou do melhor jeito possível para isso acontecer e o retorno do público
só aumenta a vontade do trabalho ser bem feito e estamos sempre imaginando voos
maiores, porque se não pensar assim fica estagnado.
- Vocês possuem um EP gravado que
contém em suas faixas letras que vão desde a solidão, ao amor e à politica.
Como é o processo de composição de vocês? Da onde surge a inspiração?
R:O processo de composição é bem
variado, pois não é focado sempre numa pessoa só, e acreditamos que isso é o
que torna as músicas únicas. Nós primamos muito pela letra e melodia das
músicas, e a inspiração não é algo que se possa explicar da onde surge pois de
fato é uma coisa que vem quando você menos espera, não tem hora nem lugar pra
isso acontecer.
- E afinal, donde surgiu o nome da
banda?
R: O nome da banda é originado do número
do apartamento do nosso vocalista, o Mauricio. Quando a banda surgiu e antes
mesmo disso, sempre foi lá o local onde a galera se encontrava pra compor, dar
uma gastada, fazer aquela pré/pós show, basicamente era onde tudo acontecia. E
acabou sendo o melhor jeito de resumir o que de fato é a Nove Zero Nove.
- Pra vocês, a internet é a principal
aliada de uma banda independente?
R: Eu diria que é uma ferramenta muito
importante sim para bandas independentes, porém está longe de ser a única. Uma
banda não sobrevive só por internet e redes sociais. Isso ajuda e muito a
divulgação do trabalho em escala maior, porém o contato diário com as pessoas,
integrantes de outras bandas, produtores, publico. Acho que uma vez que você
consolida um cenário na sua cidade, ai sim, a internet vem pra diminuir as fronteiras
e ajudar na disseminação do conteúdo.
- Como vocês analisam o cenário de
rock brasileiro?
R: Cara o cenário do rock brasileiro
sempre foi difícil pela falta de oportunidades que são dadas. Achamos que
existem épocas boas para determinados estilos de música no pais, porém o rock é
sempre a resistência. Nós acreditamos que para qualquer estilo de música, e
para o rock principalmente, o essencial é a falta de competição entre artistas.
Tudo tem que ser integrado e deve ser entendido que existe espaço para todo
mundo fazer o seu som.
- Como sabemos, existem muitos
produtores de eventos independentes que de certa forma, acabam cobrando da
banda para que esta toque. Vocês já passaram por isso? O que acham dessa
situação?
R: Esse tipo de prática de cota
infelizmente ainda é recorrente no cenário nacional. Existem diversas alegações
de produtores para usar tais práticas, porém é um absurdo cobrar cotas de
bandas tocarem. Acaba que a banda chama só os amigos que assistem o show e vão
embora e não ficam pra assistir as outras e com isso não se cria um cenário. E
quando é evento de bandas maiores e colocam outras bandas com cotas pra abrir,
acaba dando no mesmo, pois o público de fato acaba só indo pra assistir a banda
principal e a grande maioria nem assiste as bandas de abertura.
Acho que falta aos produtores que exercem essa prática, a vontade de se criar
uma cena de fato forte. O que tem que existir é a integração entre
produtor/banda/casa. Quando entendermos que juntos somos mais fortes, a cena
vai fortalecer e pulsar!Em todas as profissões existe um 'caminho mais fácil' para se chegar e na
música não é diferente. A banda batalha todo dia pra que sejamos reconhecidos
pelo que fazemos e pensamos e isso acarreta alguns percalços financeiros
obviamente, não precisamos de muito, o bastante pra pagar nossas contas e tomar
uma cerveja com os camaradas já tá bom demais. Ninguém aqui quer mansão no
Leblon ou em angra, a gente quer viver fazendo o que a gente gosta que é tocar
o nosso som o mais verdadeiro possível.
- Acreditam que é possível ser de uma
banda independente, sem que se tenha muita visibilidade na mídia (como tv e
rádio) e viver cem por cento de música no Brasil atualmente?
R: Viver 100% de música dá pra viver
sim, como de qualquer outra profissão. Mas é aquilo, como em qualquer
profissão, depende do que você almeja como profissional, se é a fama ou a
grana. Você pode viver de música fazendo algo para ganhar dinheiro ou batalhar
pra ganhar grana com o que você gosta.
- Por falar nisso, a rádio cidade e a
rádio rock de SP voltaram com total força e tem apoiado bastante bandas do
cenário independente. Vocês acham que com a volta das "rádios rock",
a facilidade para atingir os mais distintos públicos vai aumentar? Acham que
nesse quesito, as rádios possuem mais força do que a internet?
R: Acho que a rádio vem como um veículo
a mais para complementar os outros. O fato de voltar a ter uma rádio de rock no
Rio de Janeiro é sim uma conquista para quem trabalha com isso e abre maiores
possibilidades de mercado, volta a conquistar o jovem para que se interesse por
rock e não fique banalizado só com musica estrangeira, funk, pagode e
sertanejo. Tem espaço pra todo mundo, todos os estilos tem o seu valor e não é
diferente com o rock. Então nada mais natural que existir uma rádio de rock
para alavancar o estilo na cidade do Rio de Janeiro.
- Atualmente, anda rolando uma certa
união das bandas do cenário independente carioca e isso tem facilitado a
criação de eventos com elas. Ainda assim, o público que frequenta é pequeno.
Vocês acham que é por esse público não ser tão grande, que as bandas de rock
cariocas não possuem tanto espaço assim na cidade?
R: Não vejo que seja por falta de espaço
não. Cada dia mais, principalmente por causa dessa união, as casas e produtores
estão entendendo que o que vem acontecendo é benéfico para todas as partes
envolvidas e a coisa flui naturalmente. O público é reflexo do que a cena
proporciona, se está fluindo tudo bem, o público acaba colando de forma natural
pois vai se sentir tranquilo, num lugar pra espairecer, curtir um rock e se
divertir.
- Existe alguma gafe que já cometeram
em palco e até hoje não esqueceram?
R: Aconteceram algumas gafes bem
engraçadas, por exemplo, quando tocamos em Patrocínio-MG tiveram duas no mesmo
show. O Maurício tinha um discurso onde ele falava que a nossa revolução vai
ser televisionada. Porém na empolgação ele falou "A nossa revolução vai
ser revolucionária". Ai vagabundo começou a rir, logo depois não
satisfeito, o amigo levantou as mãos e gritou: "Esse público de hoje tá
mostrando que Minas não é só mais um pão de queijo" !!! Essa última fez a
galera vibrar e acabou que passou batido mas foi bem engraçado.
- Qual o lugar que vocês mais possuem
vontade de tocar? Aquele lugar que quando rolar, vocês irão considerar o ápice
da vida de vocês?
R: Então, existem uns lugares mais
underground que temos vontade de tocar como o Hangar 110. Porém acho que de
fato, por sermos do Rio de Janeiro, seria para nós um momento inesquecivel
tocarmos como banda principal no Circo Voador. Lá a banda toda já teve momentos
inesqueciveis em shows e realmente seria uma grande conquista para nós!
- Quais são os futuros planos da
banda? Pra encerrar, mandem um recado pra galera que ainda não conhece o som de
vocês.
R: Estamos a ponto de lançar um novo
webclipe da música Cositas Mas, que gravamos na Toca do Bandido pelo Converse
Rubber Tracks e também estamos com o projeto de ainda esse ano gravar dois
singles de músicas novas e lançar o nosso primeiro clipe de fato, o clipe vai
ser da música Cova Rasa.
E o que podemos deixar de recado é pra galera rockeira respeitar o estilo de cada um, seja entre outros estilos musicais ou até mesmo dentro do próprio rock. Vamos unir forças que todos temos a ganhar.
Acessem o nosso site pois lá vocês vão encontrar nosso EP, as fotos, infos da banda, agenda e poderá ver os vídeos e conhecer um pouco sobre a Nove Zero Nove!
Acessem o nosso site pois lá vocês vão encontrar nosso EP, as fotos, infos da banda, agenda e poderá ver os vídeos e conhecer um pouco sobre a Nove Zero Nove!
E parafraseando os irmãos da Clashing
Clouds: "E se fosse assim tão fácil, não seria tão divertido" !!
E foi isso, gente bonita! A galera já mandou o recado. Se vocês curtiram e querem ficar por dentro do que rola com a Nove Zero Nove, pode ir até o site deles, clicando aqui. Além disso, eles estão no soundcloud, TnB, Facebook e Twitter. Desculpas não há pra não acompanhar a banda.
Fico por aqui. Valeu, Nove Zero Nove! E vocês que leram e que tem alguma banda que acham que é boa e que também acham que eu não conheço, me mandem! É sempre bom ficarmos antenados, não é mesmo?
Até mais, minha gente!
Sarah Azevedo.