sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ainda é Cedo.

É engraçado como coisas relacionadas as bandas de rock de Brasília da década de 80 mexem comigo. É uma ligação forte, quase como se eu tivesse realmente vivido todos aqueles momentos históricos para a música brasileira.

Quando ouvimos falar em Renato Russo, logo temos como sinônimo o grande líder da banda Legião Urbana. As vezes acabamos por nos perguntar quem foi este homem por trás das danças esquisitas em cima do palco e saímos a pesquisar e tudo o que conseguimos achar se torna como se fosse um tesouro, um segredo que era compartilhado apenas entre ele e você, e você sente-se especial com isso. A ponto de não se lembrar que existem tantos outros espalhados por aí, que são como você.

Hoje foi dia da estréia de Somos Tão Jovens, filme que contava a história de Renato e por conseguinte, a história das bandas de Brasilia como Capital, Legião e Plebe, que beberam muito da fonte de Renato, que começou com o Aborto Elétrico.

A galera que me conhece, sabe o quanto eu tenho um fascínio por essas bandas. Principalmente pelo Capital Inicial, e ouso dizer que até um pouco mais pelo Aborto. Não consigo entender muito isso, entretanto, compreendo que deve ser pelo fato deles meio que serem o pilar, a sementinha que gerou tudo isso que forma meio que meu mundo atualmente.

Fui ao cinema com Mayara, amiga de anos. Era engraçado como que, em todas as partes do filme, eu tinha um comentário a fazer, sempre tentando lembrar dos fatos pesquisados e lembranças que não eram minhas, mas que eu adquiri ao querer me informar mais sobre aqueles caras que faziam meu coração estremecer desde pequenina.

O fato é que eu me arrepiei do começo ao fim. Emocionei-me. Não do tipo que sai se debulhando em lágrimas do cinema, mas sim com uma sensação de mais fatos pra lembrar. E com alguns conflitos interiores. Comecei a sentir uma certa nostalgia. Nostalgia de um tempo que eu nem sequer sonhava em nascer. Ver ali na tela, caras que hoje em dia eu tenho a sorte de conhecer, como a galera do Capital, é meio estranho. É parar pra pensar que eu conheço histórias vivas de um dos momentos mais importantes pro cenário do rock brasileiro. É uma coisa muito banana. Achar lindo ver como e porque Soldados foi escrita e mais ainda; porque Ainda é Cedo foi escrita. Uma das minhas músicas favoritas da Legião e a primeira e única que aprendi a tocar no violão. São umas coisas muito engraçadas, se for parar pra pensar.

De uma coisa, Renato estava certo. Eles viraram uma legião. E no caso, ainda são. Uma legião que se dissipou entre fãs de Capital, fãs da Plebe e fãs da própria Legião. Formaram uma legião por um ideal. Viver daquilo que gostavam e simplesmente serem felizes, sem é claro não fugir da realidade que o país se encontrava na época.

Saí do cinema com a ideia de que os caras que eu tanto admiro merecem mais do que nunca essa admiração. Não só por serem pessoas fodas. Mas sim por me ensinarem a não cair no conformismo.

Por isso eu digo, ainda é cedo pra parar de sonhar. Esse filme sem dúvidas foi um tapa na minha cara, de que aquela coisa de que "se fosse fácil, não seria tão bacana" é a maior realidade desse mundo. Ouso dizer, que era cedo demais pro Petrus ter que deixar o Aborto. Digo, que era cedo demais pro Renato ter ido embora desse mundo. Tudo acontece cedo demais. Mas acontece que foram essas coisas que fizeram tudo ser como é hoje. Renato talvez estivesse certo sobre aquele papo de destino. E a gente que não pôde viver essa história, aproveita-se apenas de fotos, lembranças, filmes e esses tipos de coisa, pra deixar-nos o mais próximo da era de ouro do rock brasileiro, afinal temos todo o tempo do mundo.

Esse filme deixou um reboliço dentro de mim. Uma coisa que eu ainda não entendi. E a única coisa que eu não concordei com o Renato, foi ele ter dito que o Flávio tinha uma aura bonita. Nisso ele se enganou, viu ?

Poderiam ter fechado o filme como os clichês de sempre. Porém, optaram por uma forma tão mais simples e que acho que pegou e pegará a todos de surpresa. Acho que é esse desfecho, que deixou-me meio desconcertada. Mas faz parte, né ?

Despeço-me por aqui! Vocês que assistiram ao filme, deixem seu comentário por aí. Vamos compartilhar nossos sentimentos de legionários que nunca assistimos a um show da Legião. E vocês que assistiram também. E você que ainda não pôde assistir a Somos Tão Jovens, feche essa página agora e corra para o cinema mais próximo de você! Será perdoado só se fizer isso.

Sem mais delongas, Beijos da Gorda,

Sarah Azevedo.

PS: Querida May, obrigada por estar lá ao meu lado, olhando pra minha cara e compartilhando do mesmo sentimento que eu quando os créditos do filme subiram. 


Um comentário:

  1. Senti exatamente o mesmo que você sentiu, ou sentiu escrevendo, ou escreveu sentindo. Me desmanchei em lágrimas desde o início do filme e a sensação de não ter vivido aquela época é um pouco desesperadora. Mas quando você pensa nos caras que admira tanto fazendo tudo aquilo e você ter a chance de conhecer a história, já faz valer a pena. Desde sempre eu digo que queria ter nascido anos antes e ter presenciado o auge do rock nesse país, mas quem garante que eu estaria na hora certa para ver a coisa certa? Nós não tivemos a oportunidade de ir à um show da Legião, mas temos a oportunidade de ver o quão importante essa banda é hoje. E o quanto influência as gerações que estão aparecendo. Além toda a emoção, lágrimas, alegria, tristeza e orgulho que senti depois do filme, tem também uma vontade enorme de tentar fazer alguma coisa pelo mundo, como eles fizeram. Realmente valeu à pena aquela sexta feira, sozinha no cinema.

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